Paciente do sexo feminino, 87 anos, IMC 31, com histórico de asma brônquica e Síndrome Hipereosinofílica. Tem tido sintomas frequentes de tosse, sibilos e dispneia intermitente. Realizada a espirometria abaixo:
A curva está adequada? Sim! O serrilhado na curva fluxo x volume é compatível com obstrução das vias aéreas
A paciente soprou por > 6 segundos
O sopro foi explosivo e mantido de maneira constante até o final do exame
O volume retroextrapolado (Vext) foi <5%
Foram realizadas 3 manobras (exame reprodutível), apesar desta informação não estar documentado neste exame
A curva fluxo x volume evidencia uma concavidade, característica das doenças pulmonares obstrutivas
Abaixo segue uma comparação entre as imagens da esquerda (curva Fluxo x Volume normal) com a da direita (Curva Fluxo x Volume com concavidade, típico do Distúrbio Ventilatório Obstrutivo)
O próximo aspecto a ser analisado é a relação VEF1/CVF. Se esta relação estiver normal e os valores VEF1 e CVF isolados acima do limite de inferioridade ou 80%, o teste é considerado normal.
Se a relação VEF1/CVF abaixo do limite inferior de normalidade ou abaixo de 0,7 (no caso em questão essa relação é 0,52), estamos diante de um distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO), caracterizado por redução do fluxo expiratório em relação ao volume pulmonar expirado (VEF1 /CVF). As principais doenças representadas neste grupo são asma - como a paciente em questão - e a DPOC.
O distúrbio obstrutivo pode, ainda, ser classificado em gravidade a partir do VEF1 (%) pré-broncodilatador em:
>= 60%: Leve
41 a 59%: Moderado
<= 40%: Grave
A paciente apresenta um VEF1 pré- broncodilatador de 0,87L (49%), logo, um Distúrbio Ventilatório Obstrutivo, de grau moderado.
O último passo que temos que ver, é se há ou não resposta ao uso do broncodilatador (geralmente utilizados 400mcg de salbutamol)
Há diferentes critérios que podem ser usados para avaliar essa resposta, dentre os quais, pode-se citar:
VEF1 ou CVF com aumento >= 12% do inicial e 200ml
VEF1 ou CVF com aumento >=7% do previsto
No caso e questão podemos calcular, em ambos critérios:
a. Aumento no VEF1: 150ml e 17%
Aumento na CVF: 190ml e 11%
b. Aumento no VEF1: 58% - 49% = 9% variação
Aumento na CVF: 75% - 67% = 8% variação
Logo, a paciente NÃO atinge resposta a BD pelos critérios da ERS, porém ATINGE pelos critérios do Pereira e, mais importante que isso, percebemos que os critérios pela ERS não são atingidos, porém houve sim um importante aumento da CVF, o que ficou muito próximo da resposta oficial a BD. Em uma paciente já com doença (asma e síndrome hipereosinofílica) instalada e com evidente mal controle da doença, não há dúvidas que seu tratamento deva ser revisto.