A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) se caracteriza por limitação crônica ao fluxo aéreo que não é totalmente reversível, sendo frequentemente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. É uma doença altamente prevalente, apesar de ainda ser subdiagnosticada e subestimada. Dados nacionais a identificam como uma das cinco maiores causas de internação no sistema público de saúde. Para se ter noção de sua prevalência, somente na cidade de São Paulo varia de 6 a 15,8% na população com idade igual ou superior a 40 anos.

As alterações não se restringem ao trato respiratório, podendo ocorrer também efeitos sistêmicos adversos, como baixo índice de massa corporal e repercussões sobre a musculatura esquelética, principalmente nos pacientes com doença em estágio mais avançado. Por se tratar de uma doença subnotificada o profissional de saúde deve estar atento principalmente com pacientes que apresentam sarcopenia, mesmo com a carência de estudos que comprove o agravamento da DPOC decorrente da perda de massa advinda da sarcopenia, a fim de que a soma do tratamento da comorbidade possa promover melhor qualidade de vida ao paciente.

Quanto a sarcopenia, é definida como perda de massa muscular, altamente prevalente em idosos, parece decorrer da interação complexa de distúrbios da inervação, diminuição de hormônios, aumento de mediadores inflamatórios e alterações da ingestão protéico-calórica que ocorrem durante o envelhecimento. A literatura também aponta que de 30% a 40% dos pacientes com DPOC apresentam sarcopenia!

E como buscar perda de massa muscular (sarcopenia)?

   Além do histórico clínico, pode-se utilizar o questionário SARC-F: Ferramentas de rastreio para a fragilidade física e sarcopenia, densitometria óssea de corpo total, ressonância magnética, tomografia computadorizada entre outros.

   Para triagem e diagnóstico de sarcopenia, o EWGSOP recomenda seguir o caminho: Find cases-Assess-Confirm-Severity (F - A - C - S).

F: Find cases (encontrando casos): Para identificar indivíduos com risco de sarcopenia, o EWGSOP recomenda o uso do questionário SARC-F ou suspeita clínica para encontrar sintomas associados à sarcopenia.

A: Assess (Avaliar): Para avaliar a evidência de sarcopenia, o EWGSOP recomenda o uso de força de preensão ou o Teste de levantar da cadeira com pontos de corte específicos para cada teste. Para casos especiais e para estudos de pesquisa, outros métodos para medir a força (flexão / extensão do joelho) podem ser usados.

C: Confirm (Confirmar): Para confirmar a sarcopenia por detecção de baixa quantidade e qualidade muscular, aconselha-se DXA (Densitometria óssea) e a BIA (bioimpedância elétrica) na prática clínica, TC (Tomografia computadorizada) ou RM (Ressonância magnética) em estudos de pesquisa.

S:Severity (Determinar a gravidade): a gravidade pode ser avaliada por medidas de desempenho; Velocidade de marcha, SPPB(Short Physical Performance Battery), TUG (timed up and go test ) e teste de caminhada de 400 m podem ser usados.

>> Referências Bibliográficas:

FMUSP. Clínica Médica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2016. 1016 p.

SILVIA et all, “Sarcopenia associada ao envelhecimento: aspectos etiológicos e opções terapêuticas, Sielo , disponível aqui : , acessado em 10/02/2023. Ou aqui

COSTA et all, “ Sarcopenia na DPOC: relação com a gravidade e o prognóstico da DPOC”, disponível aqui , acessado em : 10/02/2023. Ou aqui

TOLEDO E MIKA, “Novo consenso europeu de definição e diagnóstico da sarcopenia”, Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE),  disponível aqui , acessado em : 10/02/2023.

Há aproximadamente 2 anos começamos a elaborar um projeto grandioso, com a finalidade de melhorar a educação médica e de todos os profissionais de saúde em Medicina Respiratória.

Durante toda minha formação médica senti uma dificuldade no aprendizado da Pneumologia, que parecia muito complexa e difícil, isso fez com que me afastasse do tema, e jamais cogitasse esta especialização. Depois de formada, tive contato com serviços médicos de atendimento em Urgência e Emergência, adulto e pediátrico, trabalhei em ambulância, como socorrista, como hospitalista, em Unidade de Terapia Intensiva, passei visita em pacientes internados e, quem diria, em TODOS esses lugares encontrei pacientes com tosse, falta de ar, intubados, presenciei crises graves de asma, de ansiedade, de intoxicação e, aos poucos, fui entendendo o quanto a Pneumologia está presente no dia-a-dia do médico, quer gostemos ou não. Entendi que o paciente com doença pulmonar não está somente nas mãos do pneumologista, muito pelo contrário! Está com o generalista, na Unidade Básica de Saúde, no Pronto Socorro, está presente em conhecidos nossos, parentes e, também, muitas vezes, em nós!

A saúde respiratória está na caminhada que fazemos todos os dias, no rendimento do atleta, anda junto com a nossa saúde mental. Está na postura, no modo como vivemos, hábitos, profissões, dentro de casa e na cidade onde residimos.

A asma brônquica tem uma prevalência que varia entre 1 a 20% da população mundial, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) é em torno de 5-15% dos adultos maiores de 40 anos, 1 em cada 3 pacientes que procuram o pronto atendimento, o fazem por alguma queixa respiratória. Crianças pequenas (<5 anos) têm, em médica, 6-8 infecções respiratórias por ano. A pandemia da COVID-19 afetou a todos – direta ou indiretamente. A importância do estudo em Pneumologia está principalmente na sua prevalência e potencial gravidade, e ter um acesso facilitado e de uma maneira simplificada aos seus conhecimentos é peça fundamental para melhorar o atendimento a esses pacientes e melhorar os desfechos clínicos dessas condições - Esse é nosso objetivo.

Conforme fomos lapidando o Projeto Pneumorando criamos, enfim, diferentes canais – Instagram, WhatsApp, Youtube e agora este site, que é nossa casa onde, de maneira colaborativa, criaremos o Maior Espaço para Ensino e Divulgação de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Brasil!

Aqui vocês encontrarão calculadoras para uso diário, análise de casos clínicos, banco de imagens, discussões de espirometria, EBOOKs, aulas, documentos para Download e muito mais!

Esperamos inspirar estudantes e ajudar médicos e outros profissionais da saúde, e que todos vocês possam aproveitar e, eventualmente, contribuir um pouquinho com esse espaço, que é de todos nós!

Um abraço, e sejam bem vindos!

Dra Thais Leibel

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